Os problemas padrões que as pessoas exibem hoje em dia podem ser vistos nas narrativas das Escrituras Sagradas. Os únicos aspectos ímpares do problema de uma pessoa se encontram nos característicos secundários do problema, mas não no problema básico propriamente dito. Esses aspectos secundários e superficiais são ímpares somente no tocante ao tempo, ao lugar e aos indivíduos envolvidos. Entretanto, quando tais aspectos são retirados e fica exposto o âmago da questão, descobre-se que nada há de novo debaixo do sol.

Na tarde desta quinta-feira recebi a “visita” do rei Davi e do apóstolo Paulo. Tivemos uma longa e produtiva conversa sobre alguns assuntos.

É bom ouvir quem tem algo a dizer. É maravilhoso ouvir palavras carregadas de sabedoria e com eles aprender que não existe problema sem par que não tenha sido claramente aludido nas Escrituras, assim também seabemos que há uma solução bíblica para cada problema.

Falamos sobre assuntos delicados, mas é interessante perceber como vibramos em reflexo sempre que o Conselheiro (Espírito Santo) expõe princípios na linguagem do viver diário, e não meras generalizações. O apostolo Paulo envida todo esforço para ser tão específico e concreto quanto possível. Seus bons conselhos mesclam-se como em muitos outros particulares.

Davi ao “tocar no assunto” Bate-Seba, deixou claro que apesar de ainda hoje ser apontado por seu pecado, nossa geração comete diariamente o mesmo erro e que infelizmente não tiraram proveito algum daquilo que ficou registrado.

Davi vinha numa sucessão de vitórias. Estava sendo tremendamente usado. Então numa tarde, aconteceu que Davi se deitou para descansar, mas não conseguiu dormir. Então ele se levantou e foi para o terraço do palácio real para distrair-se. Olhando para fora, começou a prestar atenção em uma mulher que tomava o seu banho e que, mesmo de longe, parecia de uma beleza fora do comum. Então chamou um dos seus auxiliares e mandou indagar quem era aquela mulher. Ficou sabendo que ela se chamava Bate-Seba, esposa de Urias. Davi mandou busca-la e fez com que ela passasse a noite com ele.

Neste momento posso senti-lo respirar fundo e fazer uma pausa, então o apostolo Paulo de forma gentil diria: Meu amado todos aqueles que se colocam a disposição de Deus deveriam compreender o quanto é necessário vestir-se de toda a armadura de Deus, a fim de que possam permanecer a salvo das táticas e das artimanhas de Satanás. Porque nós não estamos lutando contra gente de carne e sangue, mas contra “pessoas” sem corpos. Você nas batalhas foi um vencedor porque estava concentrado naquilo que estava fazendo, mas ao retornar a sua casa pensou que poderia viver de forma relaxada, frouxa. Concentrou sua atenção nos reis desta terra e esqueceu-se dos reis malignos do mundo invisível – esses poderosos seres satânicos e grandes príncipes malignos das trevas que governam este mundo. E infelizmente nada mudou. Os homens deste tempo não sobem mais aos terraços, mas acessam a internet, compram revistas, ligam suas TVs onde podem contemplar as “Bate Seba” deste tempo. Satanás conhece a vulnerabilidade do ser humano e espera tão somente que o homem cumpra com a sua parte, afinal ele pode apenas se alimentar da nossa carnalidade. Lembra-se do que disse o Senhor Deus? Eis o seu castigo: (...) vai passar a vida inteira rastejando sobre o seu ventre e comento pó, ou seja, a nossa carnalidade.

Sabe Davi as Escrituras estão repletas de alertas, de orientações, mas o homem deste século anda muito ocupado correndo atrás do nada. Todos aqueles que um dia se viram em alguma situação complicada é porque estavam sendo instrumentos poderosos na mão do nosso Deus e pensam que poderiam tirar a armadura e relaxar só pouquinho e colocaram roupões. Lembra-se de Miriã? Invejou seu irmão e permitiu que Satanás usasse sua boca. Esta mulher estava debaixo da promessa de Deus. Ele havia reservado para ela o melhor desta terra. Estava ali para auxiliar seu irmão, ser útil, ser bênção na vida do próximo, mas Satanás conhecia a área de vulnerabilidade de Miriã. Lembra-se de Geazi? Este homem poderia ter dado continuidade ao ministério de Elizeu. Poderia ter recebido porção dobrada do seu espírito, mas Geazi afrouxou, tirou a armadura e tudo o que lhe restou foram lepras. Geazi como muitos desta geração estava apenas interessado naquilo que a ferrugem corrói e a traça destrói. Poderia citar tantos exemplos de homens e mulheres que tiveram a chance de ter o poder e ser poder de Deus na terra, mas que num dado momento não vigiou e as conseqüências foram desastrosas.

“Entendo o que dizes”, diria Davi, permiti que meu coração fosse seqüestrado. Não foi apenas um momento. Fui, além disso. Sou responsável pela morte de Urias. Engravidei Bate-Seba e no momento em que Deus feriu o filho do meu pecado, orei, chorei e jejuei, estive tão envolvido nesta situação ao ponto de tornar-me insensível aos chamados de meus empregados. Sei que não fui consumido, devido à misericórdia do Senhor. Mas não deixei de colher os frutos amargos deste relacionamento.

Sabe Paulo, eu não usei todas as peças da armadura de Deus para resistir ao inimigo quando ele atacou. Deus me livrou das mãos de Saul, deu-me casa, mulheres e se isto fosse pouco, o Senhor teria acrescentado muito mais. Desprezei a Palavra do meu Deus, fazendo mal diante de Seus olhos. Mandei matar um homem a espada, e tomei sua mulher. Tirei o cinturão forte da verdade, fui levado pela ilusão. Tirei os sapatos que podiam me fazer andar depressa para as boas novas da paz com Deus. Nesta batalha pensei não precisar de fé como escudo que iria deter as flechas ardentes disparadas contra a minha alma. Tirei o capacete e a espada do Espírito.

A partir deste momento perdi a visão, o discernimento. Permiti que uma cobra fizesse ninho dentro da minha própria casa e meus filhos foram atraídos por esta cobra peçonhenta. A Tragédia foi estabelecida, tudo porque não entendi que não podia andar relaxadamente. Penso que me tornei sábio muito tarde.

A exortação que Deus nos deixa no dia que se chama hoje é: Ele nos revelou todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, Ele doou a Sua Palavra em forma escrita, a fim de capacitar o Seu povo a atarefar-se em toda boa obra, habilitando-nos perfeitamente para cada exigência da vida. O quadro bíblico, portanto, é que Deus fez completa provisão para as necessidades do Seu povo. É isso que por toda parte é salientado sob o simbolismo de um pastor: “O Senhor é o meu pastor: nada me faltará”. Não iria faltar nada a Davi, a Miriã, a Geazi e não faltará nada a nenhum de nós. Conforme o resto do Salmo 23 claramente mostra, os pastores orientais cuidavam de todas as necessidades de seus rebanhos: alimentação, cura, orientação, descanso e proteção. A fim de fazer tal coisa se equipavam de vara e do cajado. O pastor-mestre, cuja tarefa consiste em emular o “Grande Pastor das ovelhas”, similarmente foi equipado para realizar idêntica tarefa. E, para dizermos a verdade, cada cristão pode compartilhar do pleno suprimento de equipamento divino, no grau que se fizer mister para cumprir a vontade de Deus. Por conseguinte, aqueles que atuam na vida cristã, no ministério de Cristo (pastores, professores, conselheiros, obreiros, etc.), possuem tudo quanto se faz necessário para efetuarem seu ministério pastoril.

Meu bem os atos e palavras de Cristo não devem ser limitadas às narrativas dos evangelhos; o Novo Testamento inteiro é o registro de Sua obra contínua, efetuada pelo Espírito, em prol e através de Sua igreja. A ênfase posta, no original, sobre a palavra “começou” frisa a atuação contínua de Cristo. Através das Escrituras tomamos consciência das tendências humanas da transferência de culpa, do egoísmo, do orgulho, do pendor para o desejo/sentimento, da rebeldia contra a autoridade, do temor, da depressão, da vergonha, do acobertamento, do ocultamento e da supressão de comunicação.

Filhinha (o) seja cuidadosa (o) no seu modo de proceder; os dias atuais são difíceis. Não seja insensata (o); seja sábia (o): aproveite ao máximo cada oportunidade que tiver de fazer o bem. Não proceda imprudentemente, mas procure descobrir e fazer tudo o que o Senhor quer que você faça. (Ef 5).

Shalom!

Regina Lopes

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