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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009


Comentário : Pastor Walter Borges

Princípios para alcançarmos um espírito humilde [Fp 2:5-8]

Não amarmos a nós mesmos mais do que ao nosso próximo (não podemos ser egoístas);




Aceitarmos a cruz sem questionamento;

Nos humilharmos, em qualquer circunstância, diante da potente mão de Deus.

2.3.5. Mansidão

Manso é o homem que não permite que a carne ou a vontade própria tome conta do seu

espírito, mas coloca todo o seu ser debaixo da autoridade do Espírito de Deus:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomei sobre vós o

meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso

para a vossa alma” [Mt 11:28-29].

Somente com o coração manso o amor de Deus poderá ser expresso através do discípulo. O

homem que tem o princípio de mansidão em seu coração não se justifica, não revida às agressões

que lhe são feitas, pois tem o Senhor como sua defesa e o seu justificador [Is 53:7].

A palavra mansidão, em grego, quer dizer “afável”, “brando”, “bondoso”. Mansidão descreve

o toque de amor que todos os filhos devem ter durante o seu desenvolvimento. Sem ele, as crianças

crescerão desequilibradas. Um líder pode ser firme, mas deve agir com mansidão, porque, senão,

machucará e prejudicará o povo de Deus. Esta atitude de coração permite ao líder tratar de assuntos

sérios sem machucar espiritualmente ou ofender permanentemente o povo.

A mansidão é pré-requisito para que o homem possa assumir o governo da terra e, sem esse

princípio, é impossível que o amor e o juízo de Deus sejam expressos [Mt 5:5]. Moisés é um

exemplo de um homem que estava numa posição de governo porque alcançou a mansidão

[Nm 12:3].

Princípios para a mansidão ser alcançada:

Decisão de não fazer a vontade da carne;

Não se justificar diante das pessoas;

Não revidar quando agredido;

Submissão total ao Espírito Santo;

Aceitar a cruz como parte do processo.

2.3.6. Fidelidade

Ser fiel é ser constante na aliança com alguém, é ter compromisso, é ser alguém em quem os

outros possam confiar e a quem possam delegar atribuições [Dt 4:6] [1Co 4:2]. Devemos ser fiéis:

À palavra de Deus [2Co 2:17];

À casa de Deus [Hb 3:5];

À visão da Igreja e aos seus princípios doutrinários [At 2:42];

Às autoridades instituídas ou delegadas (submissão);

Aos irmãos [Pv 11:13];

Nos dízimos e ofertas [Ml 3:8].

Recompensas da fidelidade

[Lc 19:17] [Ap 2:10].

2.3.7. Misericórdia × Impiedade

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” [Mt 5:7].

A palavra “misericordioso” significa exercer misericórdia. Misericórdia significa ter

compaixão pela miséria alheia. Ter compaixão significa colocar-se no lugar do outro e sentir o que

ele sente. Ser compassivo é ser solidário; é combinar boas intenções com ações práticas.

Quem é misericordioso não pode ser arrogante, não pode assumir uma postura de acusador ou

de juiz. Ser misericordioso significa entender a miséria humana do ponto de vista da graça de Deus.

Neste sentido, somos todos igualmente miseráveis pecadores e inteiramente dependentes da graça

de Deus. É somente a graça de Deus que permite que sejamos aceitos pelo Pai; é somente a graça de

Deus que possibilita que estejamos e permaneçamos de pé, e não caídos na lama do pecado. Foi

essa graça que alcançou-nos no lamaçal do pecado e ergueu-nos, firmando os nossos pés sobre a

rocha.

Quando entendemos o quão miseráveis somos, quando olhamos para dentro de nós com um

olhar de sinceridade, percebemos quanta miséria habita em nós, quanta injustiça, quanta sujeira!

Quando assim o fazemos, percebemos que não somos mais dignos que ninguém, e entendemos que

não somos melhores que o outro que fracassou. Ao constatarmos isso, passamos a olhar para o

nosso semelhante com o doce olhar da compaixão, que capacita-nos a amar os que nos odeiam, a

perdoar os que nos ofendem, a abraçar os que se encontram derrotados e caídos. A compaixão levanos

a entrar na dor do outro para senti-la de fato. Assim, o misericordioso não julga; ele procura

compreender; ele não condena, mas procura erguer o que cai.

Ser misericordioso é nadar contra a correnteza dos nossos impulsos egoístas, que exigem de

nós que condenemos e apedrejemos aqueles que não são tão “dignos como nós”. O misericordioso

não atira pedras; destila amor. Não emite juízos; espalha o perdão.

Jesus é o nosso modelo de compaixão. Ele tocava os intocáveis; Ele sentava à mesa com os

considerados indignos pela religião; Ele erguia os desvalidos; Ele acolhia aos rejeitados; Ele

perdoava os condenados.

Lembra-se daquela mulher apanhada em flagrante adultério? Os “santos” a conduziram

ladeira a baixo, humilhando-a diante de todos e, à medida que caminhavam, escolhiam pedras para

apedrejá-la, como mandava a lei. Aproximaram- se de Jesus e Lhe perguntaram o que deviam fazer

com aquele “lixo humano”. Depois de muito insistirem, Jesus disse-lhes que quem não tivesse

pecados atirasse a primeira pedra. Um a um, a começar dos mais velhos, todos saíram de fininho.

Jesus voltou-se para a mulher e perguntou a ela o que fora feito dos seus acusadores e ela, não os

vendo, respondeu que todos haviam ido embora. Jesus então lhe disse que Ele também não a

condenava e mandou que ela fosse em paz e não pecasse mais. Fazendo assim, Jesus mostrou

àquela mulher que ela não era pior do que nenhum daqueles que a acusavam. Jesus devolveu a

dignidade a ela e encheu o seu coração de paz; a paz que só o perdão de Deus pode nos

proporcionar.

2.3.8. Quebrantamento

“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” [Mt 5:4].

Felizes os que choram… Não parece uma contradição? A verdade é que Jesus não está nos

ensinando a sermos masoquistas ou algo semelhante. O que Ele está ensinando-nos é que, se

quisermos ser semelhantes a Ele, precisaremos ser pessoas quebrantadas. O sentido do termo vem

da expressão grega tapeynosis, que significa “ser quebrado”, “esmagado”, “estar no pó”.

Quebrantamento é uma atitude espiritual, que nos leva a olhar para o nosso interior com um olhar

que reconhece o quanto somos miseráveis pecadores e o quanto somos carentes de Deus. O

quebrantamento nos torna maleáveis nas mãos do Senhor. Deus sempre usa pessoas e circunstâncias

para nos quebrantar. É o quebrantamento que nos leva a rasgarmos o coração diante do Pai. Há um

choro que brota da convicção de pecado que o Espírito Santo gera em nós. Os quebrantados são

aqueles que choram quando intercedem pelos outros, porque se colocam no lugar dos que sofrem e

sentem-lhes as dores. É o choro de quem tem sede de ser cheio do Espírito Santo [Sl 34:18]

[Is 57:15]. Quebrantamento não é emoção; é atitude espiritual.

2.3.9. Fome e Sede de Justiça

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” [Mt 5:6].

As expressões fome e sede descrevem as duas necessidades mais fundamentais e essenciais

das nossas vidas. Jesus utiliza as metáforas da fome e da sede para acentuar a necessidade de

desejarmos, de anelarmos, de buscarmos, de aspirarmos pela justiça. De que justiça está Ele

falando? É importante que entendamos que a palavra “justiça” tem origem na expressão grega

dikaiosyne, que significa “retidão”. Ser justo – no Velho Testamento – equivalia a andar em

conformidade com um padrão de vida estabelecido na Lei de Deus. Ser justo – no Novo Testamento

– aponta para uma vida que expresse o caráter de Deus em todas as relações. Em outras palavras, o

nosso padrão de justiça é o próprio Senhor Jesus. Entretanto, este padrão é alto demais para que

possamos alcançá-lo, já que somos todos pecadores e vendidos ao pecado. A única possibilidade de

sermos tornados justos está no sacrifício de Jesus, através do qual Ele sofreu a condenação de toda a

nossa injustiça e eliminou a sentença condenatória que pesava sobre todos nós.

“Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus” [Rm 5:1a].

O que Jesus deseja nos ensinar é que, uma vez justificados pela fé, através da nossa

conversão, nascemos de novo, nascemos para o Reino de Deus. Como cidadãos do Reino, temos

que vivenciar um padrão de justiça que tem como referencial o próprio caráter de Deus. Essa sede

de andar em retidão para com Deus e para com os homens deve governar nossas maiores

aspirações. Mais do que isso, devemos ser agentes de transformação na sociedade onde vivemos,

lutando para que a justiça e a retidão de Deus prevaleçam sobre todo e qualquer tipo de injustiça.

Deus está chamando-nos para fazermos a diferença em nossa sociedade. Precisamos – de um lado –

agir sempre de forma reta e agradável a Deus em nossos negócios e em nossos relacionamentos e –

de outro – precisamos ter uma postura profética como Igreja, no sentido de levantarmos a bandeira

da justiça em todas as dimensões da vida em sociedade. Temos que lutar, sim, por justiça social, por

uma sociedade onde todos tenham igualdade de oportunidades, onde o negro não seja discriminado,

onde a mulher não seja vítima de discriminação, onde haja retidão e eqüidade, onde o Poder

Judiciário trate de modo imparcial ao rico e ao pobre. Devemos lutar para que os presos sejam

tratados como gente como a gente.

O nosso alvo deve ser o de combater toda e qualquer injustiça.

2.3.10. Pacificação

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” [Mt 5:9].

Jesus chama-nos, neste texto, a tornarmo-nos agentes da paz:

O agente da paz é aquele que procura estabelecer a paz entre as pessoas, onde quer que

esteja.

O agente da paz sempre tem água fresca para apagar os incêndios que a vida apresenta à

sua frente.

O agente da paz é aquele que está sempre demolindo muros e construindo pontes entre as

pessoas.

O agente da paz é aquele que é capaz de tratar bem até mesmo aos inimigos.

“Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” [Rm 12:18].

“Quão suaves sãos sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a

paz” [Is 52:7a].

Há três verdades das quais não devemos nos esquecer ao tratarmos deste traço do caráter de

Jesus:

Só pode ser agente da paz quem já tem a paz [Rm 5:1-2] [Jo 14:27]

O ser humano, antes de ter um encontro pessoal com Cristo, vive em estado de hostilidade

para com Deus. Ele sofre com uma desesperadora desarmonia interior, por encontrar-se separado de

Deus. Este estado de separação origina-se no pecado, porque Deus é justo e não pode conviver com

a injustiça que habita em nós. Quando cremos em Jesus e na provisão do Seu sacrifício na cruz,

recebemos uma declaração de “nada-consta” da parte de Deus, e tornamo-nos justificados pela fé.

Na cruz, todo o preço da nossa condenação foi integralmente pago por Jesus. Uma vez justificados,

a primeira conseqüência é que passamos a desfrutar de paz com Deus – uma paz que excede todo

entendimento.

A paz é fruto do Espírito Santo [Gl 5:22a]

Uma das primeiras conseqüências do pecado, na vida de quem já é justificado pela fé, é a fuga

da paz interior. Como disse o apóstolo Paulo: é a paz de Cristo que é o árbitro em nossos corações.

Quanto mais nos aproximarmos da presença de Deus, numa comunhão profunda com o Espírito

Santo, mais e mais desfrutaremos dessa preciosidade que é a paz de Deus.

O agente da paz é um instrumento de transformação onde quer que ele se encontre

Onde quer que estejamos devemos deixar a marca do caráter de Jesus. Como agentes da paz,

devemos fazer a diferença por onde quer que passemos. A paz tem que ser um rastro que permaneça

ao longo da estrada que trilhamos. Você e eu somos instrumentos da paz em todas as dimensões: ao

pregarmos o Evangelho da Paz; ao promovermos a paz nos relacionamentos; ao lutarmos pela paz

aqui, ali e além.

Como agentes da paz, devemos usar de todas as armas e estratégias para promovermos a paz.

2.3.11. Autoridade

A autoridade é o carisma, o amor-próprio, a personalidade que leva uma pessoa a conquistar o

respeito de outros; é o elemento que caracteriza todos os verdadeiros líderes. A autoridade é – mais

precisamente – a convicção de que pode-se influenciar as pessoas a buscarem atingir o alvo. Mateus

percebeu esta autoridade em Jesus após o sermão da montanha:

“Porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas” [Mt 7:29].

Não só os discípulos perceberam esta autoridade. Nicodemos, por exemplo, era uma das 70

pessoas mais importantes do povo judeu da Judéia. Como membro do sinédrio, ajudava a governar

a nação. Religiosamente, ele era inigualável. Sabia de cor as 400 leis cerimoniais. Jejuava 2 dias por

semana e orava 4 vezes por dia. Em contraste, Jesus não tinha posição nem status.

Indubitavelmente, Nicodemos era mais velho que Jesus. No entanto, quando os dois encontraramse,

Jesus foi líder inconteste, porque com Ele estava a autoridade.

Logo no início do encontro deles, Nicodemos dirigiu-se a Jesus chamando-o de “rabi”, que

significa “mestre”. Jesus possuía uma autoridade interior que ninguém negava, nem mesmo Seus

caluniadores [Mt 21:23].

É importante saber que a pessoa com autoridade interior tem confiança e um forte senso de

amor-próprio. A consciência que tem de sua dignidade pessoal é sadia.

2.3.12. Submissão

A submissão é muito mais que obediência. É uma atitude interior de confiança no Deus

soberano, amoroso e onisciente A quem servimos.

Fundamentos da Autoridade

Todos os atos de Deus emanam do Seu Trono. O Trono de Deus firma-se em Sua autoridade.

Todas as coisas são criadas e mantidas pela autoridade de Deus [Hb 1:3] [Hb 2:8] [1Pe 3:22].

A autoridade de Deus representa o próprio Deus, e pecar contra a Sua autoridade significa

pecar contra o próprio Deus. Por isso, é de fundamental importância para nós conhecermos mais

sobre a autoridade de Deus.

O Princípio da Obediência

A maior exigência de Deus não é que o homem leve a cruz, sirva, traga oferta ou negue-se a si

mesmo, mas, sim, que obedeça. A obediência é um princípio fundamental. Se a questão da

obediência não for resolvida, nada poderá acontecer na vida cristã. Assim como a fé é o princípio

pelo qual obtemos vida, a obediência é o principio pelo qual vivemos esta vida. Quando começamos

a seguir a Jesus, temos a tendência de encher nossas vidas de muita atividade e pouca obediência,

mas, à medida que avançamos em maturidade espiritual, nossas ações devem diminuir

gradualmente, e nossa obediência, aumentar.

Deus colocou Adão sob autoridade, para que ele aprendesse obediência. Todas as coisas

criadas foram colocadas sob a autoridade de Adão, mas Adão foi colocado debaixo da autoridade de

Deus. Somente quem está debaixo de autoridade pode, de fato, ter autoridade.

A queda do homem foi devido à sua desobediência a Deus [Gn 3:1-6].

Deus não olha o fervor com que pregamos o Evangelho ou o quanto estamos dispostos a

sofrer por Ele. Ele olha para ver a nossa obediência.

A fé vê – além do deserto árido – a terra que mana leite e mel, na qual só os obedientes

penetrarão [Dt 8:2-5].

A Obediência em Jesus

Em Filipenses, capítulo 2, vê-se que Jesus esvaziou-Se da Sua divindade [5-7] e, depois,

humilhou-Se em Sua humanidade [8-11].

O Filho, originalmente, compartilhava a mesma glória e autoridade com o Pai, mas, quando

Ele decidiu encarnar-Se, de um lado renunciou a autoridade e, do outro lado, assumiu a obediência.

A obediência dentro da divindade é o aspecto mais maravilhoso de todo o Universo. Pelo fato de

Ele ter Se humilhado até à morte, Deus exaltou-O soberanamente. Este é o princípio divino: Deus

exalta aquele que se humilha em obediência. Está escrito:

“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” [Hb 5:8].

Quando experimentamos sofrimentos, aprendemos a obediência. O importante, porém, não

é o quanto sofremos, mas sim, quanta obediência aprendemos através do sofrimento.

Alguns pensam que a oração de Cristo no Getsêmani foi devida à fraqueza de Sua carne e ao

Seu medo de beber o cálice. De modo nenhum, pois a oração do Getsêmani baseia-se no mesmo

princípio de [1Sm 15:22]: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar”. A vontade de Deus é

absoluta. O “cálice” – a crucificação – não é absoluto. Se Deus não quisesse que Jesus fosse

crucificado, Ele não precisaria ir à cruz. O princípio básico não é escolher a cruz, mas, sim,

obedecer à vontade de Deus.

Que todos tenhamos o mesmo sentimento que houve em Cristo e que todos andemos dentro

do princípio da obediência.

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