A esperança sempre tem um papel muito relevante no desenrolar da historia do relacionamento de Deus com o homem. Ela é o método divino que o Senhor utiliza frequentemente para nos ensinar que o seu poder é real e que Ele pode responder nossas orações sem quaisquer interferências ou manobras nossas.

Permanecer na videira é a chave que abre os tesouros celestes. Nosso condicionamento humano nos faz pensar que a espiritualidade consiste em algo que fazemos. Não é assim, diz Jesus, “é a minha vida em você.” O ramo da videira não precisa se esticar e se esforçar para crescer e produzir fruto. Seu papel é simplesmente permanecer ligado à Videira, e ficar ali para que a seiva que lhe dá vida possa circular através dele. Somente então é que podemos produzir “muito fruto”.

Jesus também falou bastante acerca dos cronogramas de seu Pai; o princípio de que existe uma certa seqüência e um determinado índice de crescimento para tudo, na natureza que ele criou.

“... primeiro a erva, depois a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga.” (Mc 4.28).

“O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo”, disse Jesus. E quando alguns discípulos tentaram forçá-lo a agir prematuramente: “O meu tempo ainda não chegou...” (Jo 7.6). E mais tarde, quando as sombras se adensavam ao redor da cruz: “O meu tempo está próximo” (Mt 26.18). Sempre falando de seu tempo. Mas nós queremos forçar as coisas e apressar a programação divina, com riscos para nós mesmos.

Deus tem uma “plenitude dos tempos” para responder a cada oração. Segue-se então que somente Ele conhece a dimensão das transformações que precisam ser operadas em nós antes que possamos ver nossos anseios realizados. Somente Ele sabe das mudanças e operações externas que têm de ocorrer antes que nossa oração possa ser respondida. Foi por isso que Jesus disse: “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade.” (At 1.7).

Portanto, o Senhor parece estar constantemente usando a espera como um instrumento para nos dar os melhores de seus dons. Ele deixou os filhos de Israel esperar durante várias gerações, até que ocorresse sua libertação da escravidão do Egito. Por causa de sua desobediência e obstinação, eles tiveram que aguardar quarenta anos para entrar na terra prometida. A espera foi à tônica do exílio. Toda a história do Velho Testamento se resume em paciente espera pela “plenitude dos tempos”, pelo momento do nascimento do Salvador. E após a ascensão de Jesus, os que se reuniram no Cenáculo tiveram que esperar dez dias pela vinda do Espírito Santo.

Não é de se admirar que algumas promessas de Deus sejam condicionadas a uma espera confiante do tempo de Deus.

A espera parece ser uma espécie de dramatização da oração, exigida de nós com freqüência e honrada por Deus, coisas que só podemos entender depois que descobrimos a notável “musculatura” espiritual de fé que ela forma em nós. Pois não é verdade que a espera exige paciência, persistência, confiança e sendo de expectação, todas elas qualidades que pedimos continuamente a Deus?

Muitas vezes o Senhor irá ordenar que permaneçamos de lado, aguardando pacientemente, sem dizer nada, a solução de um problema, embora estejamos convencidos de que a conhecemos.

Mesmo numa situação de pequena amplitude, nós devemos aguardar a hora determinada por Ele, enquanto Ele atua em outro coração humano. É uma experiência grandiosa esperar em atitude de serenidade.

Quantos cruzam nosso caminho com o coração pesado, suas almas encontram-se como uma noite negra, o olhar sem brilho e irritados de tanto chorar. Pessoas que nos relatam problemas que giram em torno de um só tema. Pessoas que estão continuamente se depreciando.

Seres humanos que estão em cada esquina da vida – seres humanos em que Deus tem como objetivo único dar-lhes tempo – tempo para raciocinar com coerência e com lógica acerca de seus problemas.

Talvez você também esbarre em seres humanos que se encontram neste estado e, por favor, entenda que você é tão somente um ser humano. Não é dotado de super poderes. A nossa função no caminho é apenas ajudar seres humanos iguaizinhos a nós a conservar os pensamentos na trilha certa, assim como durante nossa caminhada precisaremos que outros cruzem o nosso caminho e façam o mesmo conosco.

Todos nós precisamos alcançar um entendimento de si próprios, por si mesmo, e o Senhor dá uma dose de paciência, enquanto encaminha o raciocínio de cada ser humano ao ponto certo, com muito carinho.

A Bíblia valoriza a espera, em parte porque o exercício dela exige qualidade que Deus quer cultivar em nós – como a paciência, de que nós tanto precisamos. Mas há uma outra razão. A espera tem uma função; representa a união de Deus com o homem para a obtenção de um fim desejado, e este fim é sempre uma manifestação da história da Páscoa.

Todos nós enfrentamos problemas, como qualquer pessoa, mas cada um destes problemas precisa ter dentro de nós uma força viva de ressurreição. Todos nós enfrentaremos adversidades (doenças, morte, calúnia, difamação, perdas de toda sorte). Quando Jesus morreu, tudo pareceu negro, mas três dias depois, ocorreu a ressurreição.

É por esta razão que devemos ser felizes. Nós conhecemos o segredo. Quando nos sobre vêem qualquer dificuldade, sabemos que podemos dar a Deus um voto de confiança: “espere três dias”.

Podemos fazer com que uma derrota aparente se transforme em vitória através da confiança no princípio da ressurreição. Esse tempo de espera pode não ser exatamente três dias, mas o princípio é verdadeiro. E assim como o seu protótipo bíblico (a Páscoa) não foi um evento passivo, assim também é esse tipo de espera. Nela também, alguma coisa tem que morrer – geralmente é a preocupação ou a tentativa de resolver o problema nós mesmos.

Durante nossa caminhada com o Pai é necessário palavras sinceras; de qualquer forma, nenhum pensamento nosso está oculto Dele e ficamos perplexos com o cronograma Dele e Ele sabe há quanto tempo oramos por cada situação que nos cerca. Enquanto estamos caminhando, coisas novas vão acontecendo e Ele sabe que iremos falar a respeito de cada coisa.

Sabemos que as estações vêm e vão em majestosa seqüência. A terra gira em torno de seu eixo e num ritmo predeterminado. Nenhuma oração pode modificar as situações que nos cercam. Nós sabemos que os Seus caminhos não são os nossos caminhos; Sua hora não é a hora que nós escolheríamos. Mas enquanto caminhamos com as mãos entrelaçadas e Ele permanece num silencio profundo, como filhos sentimos a liberdade de perguntar: “Mas Pai, como é que eu, que sou tão condicionada (o) às coisas terrenas, posso chegar a uma união perfeita com o ritmo da eternidade?”

Precisamos ser maleáveis. Sabemos que existem coisas que Ele quer ensinar algum empecilho que deseja remover, alguma mudança que quer operar em nós ou em nossas atitudes, para que possamos ser respondidos. E Ele generosamente nos concede a benção de olhos para ver, de ouvidos que ouvem o que Ele tem a dizer-nos.

Como é bom saber que as respostas de nossas orações não dependem absolutamente de nós.

Meu bem enquanto permanecemos Nele, serenamente, e deixamos Sua vida fluir para nos, é maravilhoso saber que o Pai não vê nossa paciência em farrapos nem nossa fé insuficiente, mas apenas a Sua paciência, e a Sua confiança de que tudo está sob controle.

Filha (o) creia, a resposta de tua oração será mais gloriosa do que imaginas.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Regina Lopes

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